A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A outra Face de Steve Jobs

1985 a 1997: A face oculta de Steve Jobs

Gravações inéditas, reunidas ao longo de 25 anos por jornalista 

americano, revelam momentos de raiva, insegurança e 

arrogância do maior gênio do nosso tempo

Hélio Gomes
chamada.jpg
INSTANTÂNEOS
Nesta foto, Jobs logo depois de sua saída da Apple, em 1985
Steve Jobs, arquiteto maior da sociedade digital na qual vivemos, ganhou o status de divindade depois da sua morte, em 5 de outubro de 2011. Para se ter uma ideia, há quem chame o criador da Apple, do iPhone e do iPad simplesmente de iGod. O lançamento-relâmpago de sua biografia autorizada, apenas 23 dias depois do desfecho da batalha de Jobs contra o câncer, cumpriu com perfeição a função de divulgar a versão oficial da história. Agora, um novo relato sobre a fase mais difícil da vida profissional do empresário – que vai da sua demissão na Apple, em 1985, à volta triunfal à empresa, em 1997 – revela facetas muito mais humanas do mito.
As revelações foram feitas pelo jornalista americano Brent Schlender (ex-editor de publicações como “Fortune” e “The Wall Street Journal”), que divulgou na semana passada trechos inéditos de mais de 36 horas de entrevistas com Jobs, realizadas durante 25 anos. A reportagem ganhou a capa da revista “Fast Company”. Amigo e confidente do empreendedor, Schlender focou sua história na era que chama de “os anos selvagens de Jobs”. “O período intermediário foi o mais decisivo da vida dele”, descreve o jornalista.
img.jpg
Ao fundar a NeXT, no mesmo ano ( 1985 )
A história, que mostra Jobs como um ser humano comum e suscetível a momentos de raiva e rancor, começa em 1985. Demitido por John Sculley, o executivo que contratou para administrar a empresa que fundou, Jobs vendeu todas as suas ações e entrou em rota de colisão com o passado. Segundo Schlender, o empresário não conseguia dizer absolutamente nada positivo a respeito da Apple – tanto oficialmente, durante as entrevistas, quanto em off, quando os gravadores estavam desligados. “Desde o momento em que deixou a Apple, ele dizia que Sculley havia ‘envenenado’ a cultura da firma”, descreve Schlender.
Pouco depois, surge o empreendedor de risco. Novamente, é mostrado um Jobs que erra e se angustia com falhas de planejamento. Ao fundar a NeXT, empresa que pretendia vender computadores de ponta para universidades, Jobs captou dinheiro com investidores como Ross Perot, ex-candidato à Presidência dos EUA, e viveu momentos de apreensão quando viu o negócio à beira do abismo. Sua visão, baseada na venda de máquinas que custavam proibitivos US$ 65 mil, revelou-se um fracasso retumbante. Na sequência, em 1986, a redenção começou a se desenhar quando o visionário mergulhou na animação digital. Na Pixar, os embates criativos amenizaram o clima, turbinaram a autoconfiança (e a arrogância) de Jobs e ajudaram a forjar o estilo de liderança que o consagraria na volta à Apple dez anos depois.
img1.jpg
Com a luminária-símbolo da Pixar
Na virada dos anos 90, quando muitos já apostavam na reviravolta que mudaria a história da tecnologia para sempre, Schlender teve uma conversa reveladora sobre os sentimentos do criador por sua criatura. “Eu ainda amo a Apple. Mas imagine que você é a mãe de um cara ruim, do (serial killer) Jeffrey Dahmer. Você é mãe de alguém que virou um ladrão, que roubou um banco, que matou outras pessoas e agora está na cadeia. Você continuaria a amá-lo? Não igualo a Apple a isso, mas é mais ou menos assim. Você nunca deixa de amar um filho”, ironizou Jobs dois anos antes de retornar ao comando da empresa. Mais humano, impossível.

Fica claro que a principal diferença entre os relatos de Walter Isaacson – autor da biografia oficial – e os de Schlender é o calor dos depoimentos. Enquanto o primeiro colheu as lembranças do empresário em entrevistas realizadas pouco antes da sua morte, o segundo conversou com Jobs pouco depois dos fatos que mudaram a evolução da tecnologia para sempre. “A história de Steve Jobs será lembrada muitas vezes, com novas interpretações e relatos. Ao recontá-la, quis mostrar quanto as lições de seus ‘anos selvagens’ são inspiradoras”, conclui Schlender.
img2.jpg

Nenhum comentário:

Postar um comentário