A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 15 de julho de 2012

A semana na Ciência

Quase humanos

Pela primeira vez na história, cientistas criam sistema que faz 

robôs andar como homens e dão um grande passo na busca pelo 

androide perfeito

Juliana Tiraboschi
Confira vídeos com algumas criações que ajudam a diminuir a distância que separa homem e máquina:
IstoE_Robos_255.jpg

chamada.jpg
01.jpg

Mais recente filme do diretor britânico Ridley Scott, “Prometheus” concentra a sua ação no distante ano de 2089. Nas primeiras cenas de uma viagem espacial, só o personagem David aparece na tela. Ele fala, se movimenta e raciocina. Tudo de maneira tão perfeita que demora um tempo para a plateia se dar conta de estar diante de uma máquina. Pode parecer uma ficção para os espectadores de hoje. Mas, se depender dos avanços da robótica, é possível que daqui a 77 anos a busca pelo androide perfeito esteja encerrada e que vários “davids” vivam no meio de nossos descendentes.

A novidade mais quente vem de cientistas da Universidade do Arizona (EUA), que conseguiram criar a perna robótica com o andar mais “humano” já inventada. Pode parecer um pequeno passo para a humanidade, mas fazer robôs andar como homens era um dos maiores desafios para os cientistas dedicados ao assunto. Segundo o pesquisador M. Anthony Lewis, para chegar ao resultado, foi preciso recriar parte de nosso sistema nervoso. Além disso, a arquitetura da perna artificial segue a nossa estrutura muscular. “Usamos vários motores, que atuam em duas articulações ao mesmo tempo”, explica. “Esse projeto será útil para estudar desordens relacionadas à locomoção”, diz Theresa Klein, outra pesquisadora do grupo.
02.jpg

Enquanto esses pesquisadores tentam desenvolver pernas realistas, cientistas da Nasa e da GM se concentraram na parte de cima do corpo para criar o Robonaut 2. O objetivo é ter um androide que possa ajudar os humanos em trabalhos enfadonhos e cansativos (como em uma linha de montagem em uma fábrica) ou perigosos, como os relacionados à exploração espacial. “Nós estudamos a mão humana e tentamos desenvolver movimentos similares nas articulações dos dedos”, diz Ron Diftler, gerente do projeto. 

Mas para coordenar pernas e mãos são necessários cérebros. E tem muito cientista trabalhando na criação de máquinas com QI. Um exemplo é o DeeChee, simpático androide que faz parte do projeto iCub, plataforma criada pelo Instituto Italiano de Tecnologia e adotada por mais de 20 laboratórios pelo mundo. O DeeChee reproduz o desenvolvimento de um bebê entre seis e 14 meses de idade. Assim como as crianças, no início ele apenas balbuciava sons desconexos. Conforme foi ouvindo conversas, aprendeu a memorizar sílabas e registrar os termos mais frequentes, até soltar suas primeiras palavras. “Trabalhos como esse possibilitam desenvolver maneiras de nos comunicarmos com os robôs”, diz Caroline Lyon, pesquisadora da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra, e “mãe” de DeeChee.

Apesar de a partir de agora a robótica andar com as próprias pernas, os cientistas envolvidos nos projetos acreditam que estamos livres de um futuro em que máquinas travestidas de humanos circulem entre nós sem serem notadas. “Teremos boas imitações, mas acredito que sempre saberemos distingui-las”, diz Diftler, diretor da Nasa para o projeto Robonaut 2. Isso porque talvez a robótica jamais consiga criar emoções.
03.jpg

Amazônia deve sofrer grande extinção de espécies

Pesquisadores britânicos e americanos defendem que 

aumento das unidades de conservação e restauração de áreas 

degradadas têm potencial de evitar os danos

AE
_MG_0690.jpg
As piores consequências do desmatamento sofrido pela Amazônia ao longo de 30 anos ainda estão por vir. Até 2050, podem ocorrer de 80% a 90% das extinções de espécies de mamíferos, aves e anfíbios esperadas nos locais onde já foi perdida a vegetação. A boa notícia é que temos tempo para agir e evitar que elas de fato desapareçam. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada na edição desta semana da revista Science.
Um trio de pesquisadores da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos considerou as taxas de desmate na região de 1978 a 2008 e levou em conta a relação entre espécies e área - se o hábitat diminui, é de se esperar que o total de espécies que ali vivem diminua, ao menos localmente.
Acontece que os animais têm mobilidade, podem migrar para locais vizinhos ao degradado. Lá vão tentar sobreviver, competindo por recursos com animais que já estavam no local, de modo que o desaparecimento não é imediato, podendo levar décadas para se concretizar.
É essa diferença, que os pesquisadores chamam de "débito de extinção", que foi calculada no trabalho. Grosso modo, é uma dívida que teria de ser "paga" - em espécies animais - pelo desmatamento do passado. A ideia por trás do termo é tanto mostrar o que poderia acontecer se simplesmente o processo de extinção seguisse o seu rumo, quanto estimar qual pode ser o destino dessas espécies que dependem da floresta, considerando outros cenários de ações.
Mas em vez de calcular para toda a Amazônia - o que seria problemático, porque há uma diferença de riqueza de biodiversidade no bioma -, os autores mapearam os nove Estados em quadros de 50 quilômetros quadrados, a fim de estimar os impactos locais. Uma espécie pode deixar de ocorrer em uma dada área, mas isso não significa que ela desapareceu por completo.
Tanto que a literatura ainda não aponta a extinção de nenhuma espécie na Amazônia, explica o ecólogo Robert Ewers, do Imperial College, de Londres, que liderou o estudo. "Uma razão para isso é que o desmatamento se concentrou no sul e no leste na Amazônia, enquanto a mais alta diversidade de espécies se encontra no oeste da região. Mas não há dúvida de que muitas estão localmente extintas onde o desmatamento foi mais pesado."
Dois cenários
Na pior hipótese, a do "business as usual", considera-se a continuidade do modelo da expansão da agricultura; na melhor, que o desmatamento zere até 2020. Os pesquisadores propõem, no entanto, que o cenário mais realista é o que considera a permanência da governança, ou seja, das ações governamentais que levaram à queda do desmatamento nos últimos anos.
Mas mesmo nessa situação é de se esperar que espécies sumam. Em 2050, os pesquisadores estimam que localmente (nos quadros de 50 km²) podem desaparecer de 6 a 12 espécies de mamíferos, aves e anfíbios em média; enquanto de 12 a 19 podem entrar na conta do que pode ser extinto nos anos seguintes.
Eles reforçam que isso ainda não aconteceu e defendem que ações que aumentem as unidades de conservação e promovam a restauração de áreas degradadas têm potencial de evitar os danos. Os mapas mostram em quais áreas esse esforço poderia promover mais benefícios.
Em outro artigo na Science que comenta o trabalho, Thiago Rangel, da Universidade Federal de Goiás, pondera que a conjuntura atual é incerta. "O governo vai investir pesado em infraestrutura, estão previstas 22 hidrelétricas de grande porte, estão sendo reduzidas as unidades de conservação e o Código Florestal vai ficar mais frouxo. A trajetória dos dez anos que passaram dava uma sinalização otimista, mas são os próximos dez anos que vão dizer o que vai acontecer." 

Um comentário:

  1. Quando o homem aprender a respeitar até o menor Ser da Criação,seja animal ou vegetal,ninguém precisará ensiná-lo a amar seu semelhante.
    Albert Schweitzer

    ResponderExcluir