A MENTE QUE SE ABRE A UMA NOVA IDEIA JAMAIS VOLTARÁ AO SEU TAMANHO ORIGINAL.
Albert Einstein

domingo, 30 de setembro de 2012

A Semana na Ciência


Exército de insetos

Cientistas equipam animais e controlam seus movimentos para, 

no futuro, encontrar feridos, obter informações sobre inimigos e 

policiar as fronteiras contra a entrada de drogas

Juliana Tiraboschi
Assista ao vídeo que mostra uma barata, uma mariposa e um besouro transformados em robôs: 
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PROJETO 
Ilustração do século 19 já mostrava o sonho de “turbinar” insetos
As baratas podem ser repugnantes para a maioria das pessoas, mas vão acabar se tornando nossas heroínas. Pelo menos é isso que indica um trabalho desenvolvido por pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte (EUA). Eles criaram uma tecnologia que controla a trajetória desses insetos. A ideia é usá-los na localização de vítimas em casos de desastres, explosões ou campo de batalha. É mais um passo na ciência que equipa insetos, em vez de produzir robôs a partir do zero.

“Os insetos exibem uma habilidade inigualável de navegar por uma grande variedade de ambientes mantendo o controle e a estabilidade”, diz Alper Bozkurt, professor-assistente de engenharia elétrica e computacional da universidade. Para transformar as baratas em robôs, os cientistas inseriram nos insetos um chip composto por um receptor e um transmissor sem fio. As antenas e os cercis – pequenos pelos abdominais que detectam movimento no ar, como as birutas de aeroportos – foram ligados a esse sistema. “Por meio do toque das antenas, as baratas formam um mapa mental do ambiente onde estão”, diz Bozkurt. Usando um joystick, os cientistas enviaram pulsos elétricos ao chip. Esse sinal engana as baratas, fazendo-as entender que a antena está em contato com uma barreira física, o que as faz mudar de direção. A ideia dos pesquiadores é equipar esse sistema com câmeras e microfones, para ajudar nas buscas de vítimas de desastres.
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Além das baratas, outras espécies compõem o exército de insetos-robôs que vão nos ajudar a salvar vítimas, fornecer informações sobre o inimigo e monitorar ambientes. Cientistas da Universidade de Berkeley, também nos EUA, e da Darpa, a agência militar americana de pesquisas, já criaram besouros e mariposas controlados remotamente. Segundo Amit Lal, professor da Universidade de Cornell e desenvolvedor das mariposas da Darpa, esses insetos poderiam ajudar na agricultura, prevendo infestações por bactérias. Bastaria equipá-los com sensores capazes de identificar os gases emitidos pelos micro-organismos. Também seriam muito úteis em projetos de segurança, como monitoramento de fronteiras e pontos de tráfico de drogas e detecção de explosivos. “Se você expõe uma substância química às antenas da mariposa quando pupa (estágio intermediário do desenvolvimento do inseto), ela aprende a identificá-la”, diz Lal. No futuro, em vez de policiais armados, talvez seja tarefa das mariposas impedir que substâncias ilegais produzidas em países vizinhos façam escala no Brasil. 
Fotos: Mike Libby/Rex Features; divulgação

Sólidos que se desmancham

Pesquisadores americanos criam chip que se dissolve e abrem 

caminho para um futuro livre do lixo eletrônico

Juliana Titraboschi
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SOLÚVEL 
Na presença de água ou de fluidos corporais, o novo chip torna-se biodegradável
Nascer, cumprir seu destino e morrer. Esse roteiro é comum a estruturas orgânicas e eletrônicas. A diferença é que as primeiras são absorvidas pelo ambiente e as segundas alimentam pilhas de lixo. Uma pesquisa liderada pela Universidade de Illinois (EUA) promete apagar a linha que separa o epílogo das vidas orgânicas e eletrônicas. Os cientistas criaram um chip feito de silício e magnésio capaz de se dissolver depois de um tempo programado quando exposto a água ou fluidos corporais. 

O dispositivo foi testado em ratos e serviu para aplicar um medicamento bactericida. Depois de três semanas, os pesquisadores observaram a redução da infecção no local da ferida e encontraram apenas resíduos do implante, que depois desapareceu completamente. Os cientistas afirmam que a tecnologia pode ser usada em aparelhos eletrônicos.
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“Desde o início da indústria eletrônica, o objetivo dos designers foi construir equipamentos que durassem para sempre, com uma performance estável. Mas, se você pensar na possibilidade oposta – dispositivos que são desenvolvidos para desaparecer fisicamente de uma maneira controlada e programada –, oportunidades completamente novas se abrem”, diz John Rogers, professor de engenharia da Universidade de Illinois. O que determina a duração do dispositivo é a estrutura da “embalagem” do chip, feita de seda natural. “Dependendo da espessura da cobertura e de seu grau de cristalinidade, a dissolução pode demorar segundos ou anos”, diz Rogers. 

Em 2010, pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) já haviam criado um chip biodegradável. A diferença é que ele era produzido a partir de uma combinação de substâncias menos eficientes na amplificação de sinais elétricos do que o silício, porém mais flexíveis. “Agora estamos trabalhando no aperfeiçoamento dos materiais”, diz Zhenan Bao, uma das autoras do estudo. Num futuro próximo, organismos e eletrônicos terão roteiro de vida comum: vieram do pó e ao pó voltarão. 



sábado, 29 de setembro de 2012

A Física e a Arte


The Painter's Room, 1943-44 / Oil on canvas

Lucian Freud

Lucian Freud é neto de Sigmund Freud, o pioneiro da psicanálise. Nascido em Berlim, em 8 de dezembro de 1922, morreu em Londres em 20 de julho de 2011. Em 1933, depois da ascenção de Hitler, Freud mudou-se com seus pais para a Grã-Bretanha e, em 1939, tornou-se cidadão britânico. Convocado para a guerra, serviu na Marinha Mercante por três meses, mas em 1942, depois de um acidente, foi considerado inválido. A partir desse momento Freud dedicou-se integralmente à pintura.

Girl with a kitten, 1947 / Oil on canvas

Os retratos e nus pintados por Lucian Freud causam grande impacto e o colocam como um dos maiores pintores figurativo do século XX. Preferindo não usar modelos profissionais, Freud tinha o hábito de convidar amigos e conhecidos para posar para ele, que dizia que assim estava pintando alguém que estava posando por que queria e não por estar recebendo para isso.

Last portrait, 1974-75 / Oil on canvas

Entre 1938 e 1939 Freud estudou na Central School of Arts, em Londres e entre 1939 e 1942 na Escola Anglian leste de Pintura e Desenho. A partir de 1942, até 1943 Freud frequentou em tempo parcial o Goldsmiths College, em Londres. Em 1946 e 1947, pintou em Paris e Grécia. A prestigiosa revista Horizon publicou artigos sobre os trabalhos de Freud em 1939 e 1943.

Double portrait, 1985-1986 / Oil on canvas

Em 1951 o seu interior em Paddington (realizada no Walker Art Gallery, em Liverpool) ganhou um prêmio no Conselho de Artes do Festival da Grã-Bretanha. Entre 1949 e 1954 Freud foi professor visitante na Slade School of Fine Art, em Londres.

Interior in Paddington - 1951 / Oil on canvas

Em 1948 Lucian Freud casou-se com Kitty Garman, filha do escultor britânico Jacob Epstein e, em 1952, depois de divorciar-se da primeira esposa tornou a casar-se, desta vez com Caroline Blackwood. Freud manteve por 30 anos um estúdio em Paddington, Londres e, posteriormente, um novo estúdio, em Holland Park. Sua primeira exposição retrospectiva, organizada pelo Arts Council da Grã-Bretanha, foi realizada em 1974, na Hayward Gallery, em Londres.

Saiba mais aqui e aqui

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Terrorismo


Onze anos após 11/9, americanos se sentem menos ameaçados por terrorismo

DA BBC BRASIL
Pouco mais de uma década depois do ataque de 11 de setembro de 2001, os americanos se sentem menos ameaçados pelo terrorismo, segundo uma pesquisa do Chicago Council on Global Affairs divulgada nesta semana.


A pesquisa, realizada de maio a junho deste ano com mais de 1.800 participantes, revelou ainda uma divergência na visão que os americanos mais jovens tem do papel dos Estados Unidos no mundo.

Spencer Platt/France Presse
Homem leva 'bandeira da honra', com o nome das vítimas dos atentados ao WTC em 11 de setembro de 2001
Homem leva 'bandeira da honra', com o nome das vítimas dos atentados ao WTC em 11 de setembro de 2001

Entre os entrevistados de 18 a 29 anos, 52% acham que os Estados Unidos não devem ser envolver em questões de política internacional, ao passo que apenas 35% das pessoas de faixas etárias mais elevadas compartilham esse ponto de vista.

A maioria dos americanos acima de 29 anos (61%) ainda acredita que os Estados Unidos devem exercer um papel de liderança no cenário global.

Quando perguntados sobre o que consideram ser as maiores ameaças aos interesses americanos, 67% dos participantes ainda citam o terrorismo em primeiro lugar, apesar de os resultados apresentarem queda de 6% em relação a 2010.

A preocupação com o programa nuclear iraniano também diminuiu em 4% em relação ao 2010, com 64% dos participantes afirmando que essa é a principal ameaça ao país.
A maior queda nesse quesito foi vista em relação à presença de imigrantes e exilados políticos.

Em 2010, 51% dos entrevistados acreditavam que o grande número de imigrantes e refugiados presentes nos Estados Unidos representava um problema grave à nação. Dois anos mais tarde, apenas 40% dos participantes da pesquisa consideram isso uma grande ameaça.

AMEAÇA DA ÁSIA

Apesar de os americanos ainda considerarem a região do Oriente Médio a maior fonte de ameaças futuras, quando o assunto é política externa, a região da Ásia, e mais especificamente a China, começa a ocupar um papel maior.

De acordo com o estudo, isso pode ser reflexo de uma preocupação maior da população com a economia e de mudanças no cenário geopolítico mundial.
Esta é a primeira vez, desde 1994, que a maioria dos americanos (52%) diz que a Ásia é mais importante para a economia dos Estados Unidos do que a Europa. Apenas 47% dos entrevistados ainda consideram a Europa o continente economicamente mais relevante para o país.

Apesar de estarem mais longe da explosão da crise financeira de 2008, atualmente 83% dos americanos consideram que a proteção dos empregos dos cidadãos deve ser uma meta importante na condução da política externa do país. Em 2010, apenas 79% dos entrevistados afirmaram o mesmo.

Para 77%, outra meta importante seria diminuir a dependência do petróleo estrangeiro, outro aumento verificado em relação a 2010, quando 74% indicaram o mesmo.
A pesquisa revelou ainda que menos americanos estão interessados em promover e defender direitos humanos em outros países (28%, queda de 4% em relação a 2010) e em ajudar a formar governos democráticos em outras nações (14%, contra 19% em 2010).

BRASIL
Outro reflexo da transformação no cenário global é que 69% dos americanos acha bom dividir as responsabilidades de política externa com países como a Turquia e o Brasil.
Apenas 28% dos entrevistados considera isso negativo, pois temem que esses países ajam de forma contrária aos interesses dos Estados Unidos.

"O crescimento do Brasil vai mudar a dinâmica não só com os Estados Unidos, mas com o mundo todo, e espero que o governo americano esteja prestando a atenção nisso", disse à BBC Brasil Jane Harman, presidente do Wilson Center, organização sediada em Washington dedicada a estudos de políticas nacionais e internacionais.

"Também espero que, não importa quem seja o novo presidente dos Estados Unidos, uma principal prioridade dele seja desenvolver o já bom relacionamento com o Brasil."

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Corrupção e Ética na Politica


Julgamento do mensalão: Escândalo político marcou o governo Lula
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José Renato Salatiel
Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar no dia 2 de agosto os 38 réus do mensalão, considerado um dos maiores escândalos de corrupção da política brasileira. Segundo a Procuradoria-Geral da Repúbica, responsável pela denúncia junto ao Supremo, o mensalão foi um esquema de financiamento ilegal de parlamentares em troca de apoio político ao governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).

Foto 12 de 17 - Os advogados Leonardo Yarochewsky (dir.) e Paulo Sérgio Abreu e Silva citaram a novela das oito, "Avenida Brasil", durante suas defesas no STF. Yarochewsky disse que "até na novela das oito a Carminha disse que ia processar a Nina por formação de quadrilha". Abreu e Silva disse que "essa denúncia [da Procuradoria Geral da República] é um roteiro para novela das oito"Mais Arte/UOL



O Congresso é composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Deputados federais e senadores são responsáveis pela elaboração e aprovação de leis para o país. Por isso, para garantir que os projetos de lei do governo sejam aprovados, é importante que o presidente tenha aliados no Poder Legislativo.
Essas boas relações entre o Executivo e Legislativo são conquistadas e mantidas com base em afinidades políticas. A prática do mensalão, contudo, foi criminosa. De acordo com a denúncia, os acusados desviavam dinheiro dos cofres públicos para comprar o voto dos congressistas.
Entre 2003 e 2005, quando o caso veio à tona, teriam sido pagos R$ 55 milhões a 18 políticos de partidos que compunham a base aliada do governo Lula: PMDB, PP, PR e PTB. Entre esses políticos estavam líderes de partidos, que redistribuíam a verba.
O esquema teria sido organizado pelo PT, partido do ex-presidente Lula e da atual presidenteDilma Rousseff. O escândalo provocou a queda da cúpula do partido no governo. Entre os réus estão o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, apontado como o líder, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-presidente do partido, José Genoino, e o ex-secretário geral, Silvio Pereira.
Os quatro compunham, segundo a denúncia, o núcleo político do mensalão. Já o núcleo operacional tinha à frente o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, dono de agências de publicidade que tinham contratos com o Governo Federal. De acordo com a Procuradoria, ele desviava os recursos públicos desses contratos para pagar os políticos indicados pelos petistas.
Por fim, havia o núcleo financeiro, formado pelos bancos Rural e BMG, que fazia empréstimos ao PT e às agências publicitárias de Marcos Valério.
A investigação do caso durou sete anos e envolveu duas CPIs no Congresso, a imprensa, aPolícia Federal e a Procuradoria-Geral da República.

Origem

Apurou-se que o esquema foi planejado em 2002, durante a campanha presidencial de Lula. Na época, o PT precisava fazer uma aliança com o PL para lançar a chapa de Lula à Presidência, tendo como vice o senador José Alencar (PL). A união do sindicalista com o empresário era uma estratégia para ganhar a confiança dos setores mais tradicionais da sociedade.
Mas, para isso acontecer, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, teria pedido R$ 10 milhões ao PT. Os dirigentes do PT teriam então procurado Marcos Valério, que havia montado um sistema de financiamento clandestino semelhante, segundo a investigação, para o PSDB de Minas Gerais, durante a campanha de Eduardo Azeredo.
Nos dois anos seguintes, o esquema beneficiou outros partidos e se transformou em um pagamento regular aos políticos da base aliada.
Em maio de 2005, o ex-diretor dos Correios, Maurício Martinho, foi mostrado em uma reportagem da revista Veja recebendo propina de R$ 3 mil. Martinho era ligado ao PTB. O então presidente do partido, Roberto Jefferson, sentindo-se acuado pelos petistas, denunciou o caso em 6 de junho ao jornal Folha de S. Paulo.
Jefferson detalhou o funcionamento do mensalão na CPI dos Correios. Ele também foi acusado de receber R$ 4 milhões das empresas de Marcos Valério e se tornou réu no processo.

Julgamento

Na esfera política, a CPI recomendou a cassação dos mandatos de 18 deputados. José Dirceu, Roberto Jefferson e Pedro Corrêa (ex-presidente do PP) tiveram os mandatos cassados. Valdemar Costa Neto, Paulo Rocha, José Borba e Bispo Rodrigues renunciaram para escapar da perda do cargo. Os demais políticos foram absolvidos.
O mensalão também provocou a maior crise política da era Lula, apesar de não ter impedido sua reeleição em 2006 e o encerramento de dois mandatos com mais de 80% de popularidade e um sucessor eleito.
Em 11 de abril de 2006 o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, apresentou a denúncia e acusou 40 pessoas de envolvimento. Um dos acusados morreu, o deputado José Janene, e o ex-dirigente do PT, Silvio Pereira, fez um acordo para colaborar com a investigação e foi condenado a prestar trabalhos comunitários. Em agosto de 2007, o STF aceitou a denúncia e passou a tramitar a Ação Penal 470.
O julgamento é previsto para durar até dois meses. Será o mais longo em 120 anos da história do STF. Onze ministros da corte analisarão o caso, que possui o maior número de réus e de testemunhas – mais de 600 foram ouvidas no processo, um calhamaço de mais de 50 mil páginas.
Os réus são acusados de cometerem sete crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ex-integrantes do governo, como José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoino, são acusados de corrupção ativa. Parlamentares que teriam recebido o suborno respondem por corrupção passiva.
Os acusados negam envolvimento no mensalão. Quando o escândalo foi descoberto, Delúbio Soares afirmou que o objetivo era fazer um “caixa dois”, ou seja, captar recursos não contabilizados para campanhas políticas. Isso imputaria aos réus infrações da legislação eleitoral já prescritas, e nenhum deles seria punido.

DIRETO AO PONTO

O STF (Supremo Tribunal Federal) começou a julgar no dia 2 de agosto os 38 réus do mensalão, considerado um dos maiores escândalos de corrupção da política brasileira. Segundo a Procuradoria-Geral da Repúbica, o esquema foi organizado pelo PT e consistia no desvio de verbas públicas para subornar parlamentares de partidos da base aliada do governo Lula.

Entre os réus estão o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, apontado como o líder do grupo, o ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, o ex-presidente do partido, José Genoino, o ex-secretário geral, Silvio Pereira.

De acordo com a denúncia, a estrutura de captação dos recursos públicos foi montada pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, dono de agências de publicidade que tinham contratos com o Governo Federal.

O julgamento será o mais longo da história do STF. Onze ministros da corte analisarão o caso. Os réus são acusados de cometerem sete crimes: formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, peculato, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta.


José Renato Salatiel é jornalista e professor.

Bibliografia

  • O Chefe: livro do jornalista Ivo Patarra que esmiúça o caso do mensalão.
  • Lula, o Filho do Brasil (2009): filme dirigido por Fábio Barreto baseado na vida do ex-presidente Lula.
  • Denúncia da Procuradoria-Geral da República.

Top 10 Enem 2013


Atualidades são complemento à teoria aprendida em sala de aula, diz professor

Mariana Monzani
Do UOL, em São Paulo
Comentários1
Mais do que dominar o conhecimento adquirido na escola, os alunos que estão se preparando para os vestibulares precisam compreender as chamadas atualidades, que devem estar presentes no repertório do candidato.
“Atualidades são fenômenos que acontecem no ano e somente no ano, e o aluno tem que saber o porquê das coisas e saber relacioná-las com o conteúdo aprendido na escola”, explica Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora geral do curso e colégio Objetivo.
Segundo Paulo Roberto Moraes, professor e coordenador de geografia do curso Anglo, não se pergunta sobre o fato em si, mas se usa o fato para falar sobre as ciências (geografia, física, química, história, biologia, etc). Portanto, o aluno precisa ficar de olho nos meios de comunicação, se informar e elaborar novas questões que possam ajudá-lo na hora dos estudos. Dessa forma, as atualidades passam a ser um complemento aos conceitos teóricos.
“O aluno precisa ficar atento aos fatos. Uso nas aulas, por exemplo, o Código Florestal, que é um assunto atual, para falar sobre o desmatamento no território brasileiro”, diz o professor.
Não basta se informar e passar horas estudando todo o conteúdo se o aluno não sabe ler o jornal. Habilidade na hora da leitura facilita a compreensão de todo o resto. “Para consolidar o conhecimento, é essencial que o aluno esteja bem informado. Ler o jornal é bom e faz com que ele tenha maior sensibilidade para interpretar e questionar os temas e acontecimentos sobre o mundo”, explica Moraes.
Para Vera Lúcia, o jornal é importante, também, para uma boa argumentação na hora da redação. “O editorial do jornal é ponto básico para desenvolver uma boa redação, pois isso dá argumentos e elementos para compor um texto articulado.”, afirma.


Apostas para 2013

Os vestibulares do fim do ano se aproximam e os alunos devem prestar atenção aos fatos mais recentes. Assim, os estudos não devem se restringir apenas aos livros e apostilas.

Click nos Links

Top 1 - Corrupção e Ética na Política

Top 2 - Terrorismo
Top 3 - Crise no Mundo Arabe
Top 4 - A Crise do Euro
Top 5 - As olimpíadas e as Nações
“As quatro áreas básicas, com os temas específicos dentro delas, que me parecem os mais pertinentes são: a política nacional, levando em conta a questão da corrupção e a ética em nossa política; a política internacional, relacionada ao terrorismo e o mundo árabe; economia e a crise do euro; e, neste ano, as olimpíadas a a sua contribuição para o bom relacionamento entre as nações.” diz Antônio Carlos Olivieri, diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.
Para Vera Lúcia, as atualidades são geografia pura e aposta nas questões internacionais como tema recorrente nas próximas provas. “Acho que serão abordados o Rio + 20 e a política ambiental;os conflitos na Síria e as questões geopolíticas; a crise do euroParaguai versus Mercosul; o Governo Dilma e os problemas da infraestrutura brasileira; o sistema de cotas na educação brasileira; a monarquia europeiaa Venezuela e a questão dos direitos humanos; as eleições nacionais e as eleições mundiais; e a questão da usina hidrelétrica de Belo Monte”, explica. 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

:: O VOO PARABÓLICO DO SAPATO :::


Folha/UOL



José Serra, quando era candidato à presidência da república em outubro de 2010, protagonizou um episódio que clamava por uma análise física.

Ontem, agora como candidato à prefeito de São Paulo, Serra foi novamente centro das atenções de um novo "experimento" que envolve Física. Ao cobrar uma falta, num campinho de futebol de terra na Zona Leste, periferia de São Paulo, seu sapato foi lançado obliquamente e parece ter entrado bem no ângulo, indo parar na rede, enquanto a bola, lenta e rasteira, foi defendida pelo goleiro (veja o vídeo logo acima). O candidato a prefeito ficou por algum tempo só de meia, pisando no barro, até que alguém resgatou o seu sapato.

Mas vamos ao que interessa, ou seja, à Física:


1. Movimento de alavanca


Em primeiro lugar, para chutar a bola, a perna de comprimento L faz um movimento de alavanca que gira com velocidade angular ω. O pé, na ponta desta alavanca, terá máxima velocidade escalar (ou tangencial) V0 pois V0 = ωr. Como o pé está na extremidade da perna, o raio da trajetória semi-circular é máximo e vale r = L. Assim, o pé tem velocidade V0 = ωL quando toca a bola.


2. Pequeno atrito
Como era um sapato social, calçado com meias sociais que são mais finas e lisas, o coeficiente de atrito estático μe entre a parte interna do sapato e o tecido da meia não é grande. O atrito estático máximo, neste caso, é dado Ae = μe.N onde N são as forças normais (de compressão) trocadas entre a parte interna do sapato e a meia. Numa caminhada normal, o pé atinge velocidade baixa e, portanto, não acelera/desacelera a ponto de soltar-se do pé. Mas num chute de futebol, bem mais violento, o pé atingiu velocidade grande o suficiente para que o sapato, com a mesma rapidez de movimento, não pudesse ser brecado. Faltou Ae porque o valor de μe é bem baixo. O pé parou. Mas o sapato, por inércia, seguiu o seu movimento, na direção tangente à trajetória semicircular do pé, como previsto pelas Leis de Newton.


3. Lançamento Oblíquo

Neste caso, quando o sapato soltou-se do pé, a perna de comprimento L fazia um certo ângulo com a vertical e, portanto, o vetor velocidade V0 = ωL do pé (e também do sapato) formava um ângulo θ com a horizontal. Desta forma, o sapato foi lançado, como uma bala (ou projétil) de canhão. Este ângulo θ é conhecido na balística, parte da Física que estuda os movimentos dos projéteis, como ângulo de lançamento.


:: Modelagem Matemática

A figura acima nos mostra a decomposição do vetor velocidade inciail do sapato Vo em eixos ortogonais (x e y).
Do triângulo (verde) que é retângulo podemos escrever as seguintes relações:



O sapato vai descrever um movimento num plano vertical. Desprezando o atrito com o ar, a única força que atua sobre o sapato (já em voo) é o peso. Logo, a única aceleração do sapado depois de lançado é a própria aceleração da gravidade (g = 9,8 m/s²) que é vertical e para baixo. Este movimento bidimensional pode ser decomposto num movimento retilíneo uniforme na direção horizontal (eixo x) e outro movimento retilíneo uniformemente variado na direção vertical (eixo y). As equações de movimento serão:

Na direção horizontal (eixo x):


Na direção vertical (eixo y):


Se isolarmos o "t" na expressão de x acima e substituirmos na expressão de y teremos:


Note que a expressão acima (em vermelho) corresponde a uma parábola. O sinal negativo do termo Ax² ratifica ser uma parábola "côncava para baixo". Está demonstrado: o sapato (ou qualquer outro corpo) lançado obliquamente e que se mova ao sabor da gravidade terá trajetória parabólica num plano vertical!
Das equações acima podemos ainda deduzir alguns parâmetros relevantes.
  • Alcance do chute
    Distância máxima horizontal percorrida pelo sapato:

  • Tempo total de voo
    Tempo que o sapato demora para percorrer a parábola completa:

  • Máxima altura atingida
    Altura do sapato em relação ao chão no ponto mais alto da trajetória parabólica:
Com as três equações acima podemos estimar a velocidade V0 com que o sapato do Serra deixou o pé. Pelo vídeo, estimamos (sem muito rigor) que o tempo de voo é T = 1,5 s. Pela imagem congelada estimamos que θ = 45o e sabemos que g = 9,8 m/s². Então:



Conclusão: o sapato deixou o pé do candidato José Serra a cerca de 10 m/s (ou 36 km/h)

Podemos também estimar o alcance D do sapato, ou seja, a distância de onde foi lançado até onde cairia de volta no chão se não tivesse tocado na rede antes:



Conclusão: o sapato cairia a 10 m do candidato Serra se não tivesse sido colhido pela rede.

Podemos ainda estimar a altura máxima H atingida pelo sapato em voo:



Conclusão: o sapato atingiu altura máxima em torno de 2,5 m.


São apenas estimativas, que podem, com mais cuidado, serem melhoradas. Mas os valores obtidos são compatíveis com a realidade observada, não são? Viu só como usando a boa Física conseguimos modelar o comportamento do Universo?
____________________
Mas a pergunta mais importante ainda não foi feita e nem é de Física: qual a relevância política desta cena?

Pergunto porque um candidato a prefeito não deveria ocupar tempo na mídia expondo as suas ideias e projetos? De quem é a culpa desta distorção? Dos jornalistas que cobriam o dia do candidato e deram valor exagerado a esta bizarrice? Ou foi tudo armado para vivar assunto do dia, especialmente nas mídias sociais? Não estou acusando ninguém. Mas: 1) Por um lado, o candidato deixa claro, antes de chutar, "meu sapato tá ruim, esse sapato sai do pé, ele vai sair... "; e 2) A cena foi filmada e fotografada de vários ângulos. Não parece um cenário armado com resultado já previsto? Estranho...

Antes que alguém me acuse ou me condene por esta ou aquela tendência política, deixo claro que não voto na capital. Nem tenho nada contra nem a favor do cadidato José Serra que pela segunda vez está sendo inspiração para um post que adorei escrever aqui no Física na Veia! Afinal, aqui no blog tudo é pretexto para ensinar/aprender Física!



prof. Dulcidio Braz Júnior (@Dulcidio)

domingo, 23 de setembro de 2012

A Semana na Ciência


Armas digitais contra o desperdício

Aplicativos de celular e programas de computador chegam para 

racionalizar as compras no mercado e evitar que os brasileiros 

joguem 10,9 milhões de toneladas de frutas e hortaliças no lixo 

todos os anos

Juliana Tiraboschi
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CARRINHO 
A chef Vivi Araujo usa aplicativo que 
calcula a quantidade certa de ingredientes
Todos os anos, 30% das frutas (5,3 milhões de toneladas) e 35% das hortaliças (5,6 milhões de toneladas) produzidas no País acabam no lixo, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Nossas geladeiras colaboram muito com esses números. É muito comum comprar muito mais do que se pode consumir. Para atenuar isso, programadores criam sites e aplicativos para celular com serviços para acabar com a indústria do desperdício. Há programas que calculam a quantidade de ingredientes de acordo com o número de pessoas a serem servidas, que fazem listas de alimentos que estão próximos do vencimento e sugerem pratos com base na lista de compras para aproveitar tudo até o fim.

Entre as pessoas que estão vendo diminuir a quantidade de lixo orgânico em casa está a chef Vivi Araujo, consultora do Crudo Casa Hotel em Salesópolis (SP) e autora do blog e programa “Pé na Cozinha”. Ela já usou o aplicativo Love Food, Hate Waste (Ame a Comida, Deteste o Desperdício). “Podemos calcular as quantidades com bastante precisão; facilita as compras e dá muitas ideias de receitas com itens que você já tem em casa”, diz. A desvantagem é que, ao selecionar um alimento para calcular a quantidade, não dá para especificar se ele será acompanhamento ou prato principal, e ainda não existem muitos itens em algumas categorias, como a de carnes.
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Enquanto outros aplicativos são comuns no Exterior (confira as fotos nesta página), o Brasil está num estágio anterior. Aqui há sites que ajudam a organizar as compras e a comparar preços, como o Boa Lista e o Meu Carrinho. A tendência é que, com a crescente preocupação com a sustentabilidade, surjam novas ferramentas com foco no combate ao desperdício. O site Igluu, por exemplo, monta cardápios semanais de acordo com as preferências do usuário, de forma a aproveitar os ingredientes em mais de uma receita. Na semana que vem, os desenvolvedores lançarão uma ferramenta em que o cliente monta uma lista de itens que já tem em casa e recebe receitas que usam aqueles alimentos. 

O mercado Apanã, em São Paulo, que oferece produtos orgânicos e sustentáveis, planeja lançar no ano que vem um site de vendas com aplicativo para celular que avisa quando um produto estiver próximo do vencimento. Se a embalagem estiver intacta e ainda dentro de uma margem razoável do prazo de validade, o cliente poderá trocar o produto por outro igual, mais novo. “As pessoas estão procurando alimentos mais frescos, queremos ajudá-las a comprar melhor, sem desperdícios”, diz Miguel Carvalho, sócio da Unibio, empresa por trás do mercado. Com o que vai economizar ao parar de jogar alimento fora, o consumidor vai até poder trocar de celular.
Foto: Rogério Cassimiro

O mapa das nossas minas

Segundo maior produtor mundial de ferro e manganês, o Brasil 

faz a conta de quanto tempo as atuais reservas irão durar 

enquanto procura por novas jazidas

Edson Franco
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Piercings, motores de jatos e oleodutos têm algo em comum. Todos levam nióbio em sua composição. Resistente e raro, esse metal é um presente geológico para o Brasil, que concentra 98% da oferta mundial. Caso novas jazidas não sejam encontradas, esse quase monopólio nacional tem prazo para acabar. Ao ritmo atual de exploração, em 57 anos não será encontrado mais um grama de nióbio em solo brasileiro.

Com preocupações desse tipo, os maiores geólogos e especialistas em mineração do mundo se reúnem em Santos (SP), entre 30 de setembro e 5 de outubro, durante o 46º Congresso Brasileiro de Geologia. Além de encontrar formas de beneficiar as populações das áreas exploradas, os pesquisadores vão expor ideias que garantam matéria-prima para que as gerações futuras também possam ter seus piercings, jatos e oleodutos.

Especialistas na área são unânimes em afirmar que estão distantes os dias em que os recursos minerais estarão extintos. Muito mais do que se preocupar com o fim das reservas conhecidas, engenheiros e geólogos devem descobrir como explorá-las com mais eficiência e procurar por novas jazidas. “No Brasil, podemos e precisamos encontrar muitas outras reservas. O problema é que gastamos em pesquisa geológica o mesmo que Argentina e Chile, que têm território muito menor”, pondera Fábio Braz Machado, presidente da comissão organizadora do congresso. 

Contrário às previsões mais alarmistas sobre o fim de nossas reservas, o geólogo David Siqueira Fonseca, do Departamento Nacional de Produção Mineral, lembra o cenário da crise do petróleo em meados dos anos 1970. “Diziam que o mundo teria óleo, no máximo, até 1985. Mas as técnicas de prospecção evoluíram tanto que ninguém mais estipula uma data para o fim do petróleo na Terra”, diz. Para ele, um dos maiores problemas da mineração nacional é o baixo conhecimento que o País tem sobre suas próprias formações geológicas. Um fator que impede estudos mais aprofundados são as áreas de proteção ambiental ou indígenas. Nelas, os cientistas são impedidos de lançar as suas sondas. Mas isso não gera um conflito entre geólogos e ecologistas. “Essas áreas são uma espécie de reserva para o futuro. Quando as jazidas atuais estiverem esgotadas, será a hora de discutir o momento de começar a explorar essas áreas”, afirma Fonseca.
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Outra dificuldade da pesquisa geológica nacional é a falta de engenheiros e geólogos. Estimular a formação e preparação de profissionais especialistas em mineração é uma das preocupações do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea). Desde o início deste século, a mineração nacional passou por um boom e chegou a uma situação de pleno emprego, o que obriga as empresas do ramo a prospectar engenheiros e geólogos como se fossem ouro.

Mesmo com essa deficiência de pessoal, o Brasil comemora a descoberta de jazidas com metais supervalorizados e raros nesses tempos em que a tecnologia exige materiais cada vez mais versáteis. Em 2011, foi encontrada na Bahia uma grande reserva de tálio, metal usado em contrastes de exames cardiológicos e como supercondutor na transmissão de energia. Outra descoberta, também na Bahia, ocorreu neste ano. O geólogo João Carlos Cavalcanti encontrou no oeste do Estado uma reserva estimada em 28 milhões de toneladas de neodímio – um dos 17 elementos que compõem o grupo de minerais chamado de terras raras, usados em equipamentos como carros elétricos, smartphones e tablets.

Enquanto os estudiosos debatem soluções e comemoram descobertas como essas, o público que for ao congresso em Santos terá várias portas de entrada para o mundo da geologia. A 800 metros do Centro de Convenções Mendes, sede do evento, será montada a Praia das Geociências, espaço para que leigos e curiosos conheçam a variedade geológica do Brasil. Os frequentadores também poderão adquirir o livro “Brasil Geológico”, do geólogo Ricardo Siqueira, que juntou ciência e fotografia para investigar as mais fascinantes formações rochosas brasileiras. Por fim, quem comparecer volta para casa com uma amostra da nossa riqueza mineral: um vidrinho contendo 1,8 ml de petróleo vindo diretamente do pré-sal.